Janeiro Verde: iniciativas da Alesp colaboram para o combate ao câncer de colo de útero
Parlamento Paulista aprovou Leis que incentivam a prevenção e o diagnóstico precoce da doença, que é a principal causa de morte entre mulheres na América Latina e Caribe
23/01/2024 16:05 | Saúde da Mulher | Edição: Fábio Gallacci - Foto: Reprodução Freepik
Levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que, entre 2023 e 2025, surjam 17 mil novos casos de câncer de colo de útero no Brasil. A doença é a principal causa de morte entre mulheres na América Latina e Caribe, de acordo com as organizações Pan-Americana da Saúde (Opas) e Mundial da Saúde (OMS).

No País, o primeiro mês do ano foi escolhido para a divulgação de uma ampla campanha de conscientização contra esse tipo de câncer: o "Janeiro Verde". O objetivo é incentivar o acesso da população aos exames preventivos e reforçar a importância da vacinação contra o papilomavírus humano (HPV), responsável por mais de 99% dos casos.

Atenta ao problema e disposta a contribuir, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou Leis ligadas ao tema. A Lei n° 17.431, de 14 de outubro de 2021, por exemplo, institui o dia 11 de março como o "Dia Estadual de Combate e Prevenção ao Câncer de Colo de Útero". O propósito da norma é conscientizar a população sobre a importância da prevenção da doença e a necessidade da vacinação contra o HPV.

Já o programa Saúde da Mulher Paulista, instituído através da Lei n° 17.760, de 20 de setembro de 2023, tem a finalidade de promover o desenvolvimento de ações e serviços de prevenção e assistência integral à saúde da mulher, a fim de reduzir as taxas de mortalidade causadas por doenças relacionadas à anatomia feminina.

HPV

O HPV é um agente infeccioso muito comum em todo o planeta e estima-se que 80% da população terá contato com o vírus ao decorrer da vida. Existem mais de 100 tipos desse patógeno, sendo pelo menos 14 deles cancerígenos.

Uma das maiores dificuldades na identificação de pacientes infectados se deve ao fato de que o HPV age, na maioria das vezes, de forma silenciosa no organismo, sem apresentar sinais até apresentar um estágio mais avançado de câncer, onde podem surgir sangramento vaginal, dor pélvica e secreção anormal.

O vírus também pode causar outros tipos de carcinomas, como o câncer de pênis, vagina e reto, além de lesões em mucosas.

Prevenção e tratamento

A imunização de meninas e adolescentes de até 15 anos de idade é um importante fator de prevenção. A OMS sugere a meta de que 90% deste grupo receba a vacina. Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o imunizante contra o vírus HPV para meninas e meninos de 9 a 14 anos, homens e mulheres transplantados, pacientes oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia, pessoas vivendo com HIV e vítimas de violência sexual.

O uso de preservativos durante as relações sexuais é outra forma de prevenir a contaminação pelo vírus do HPV, ressaltando a necessidade de programas de educação sexual fornecidos pelo Estado.

Outro fator de grande importância é que mulheres de 25 a 65 anos tenham acesso ao Papanicolau, exame ginecológico que permite a detecção do HPV e outras infecções sexualmente transmissíveis, facilitando o diagnóstico e o tratamento em casos de câncer.

Com relação aos tratamentos disponíveis, os mais comuns são a cirurgia para a retirada de tumores e a radioterapia, mas a quimioterapia e a histerectomia (remoção cirúrgica parcial ou total do útero) são alternativas, dependendo do quadro clínico.

Sintomas

O câncer de colo de útero é uma doença de progressão lenta, aumentando a possibilidade de um diagnóstico precoce e altas chances de cura. Em mulheres saudáveis, o desenvolvimento do câncer após a infecção pelo HPV de alto risco pode demorar de 15 a 20 anos e apenas de 5 a 10 em pacientes imunossuprimidos.

As principais dificuldades para evitar as altas taxas de mortalidade são a falta de acesso da população feminina a exames preventivos, a baixa cobertura vacinal e a falta de informação sobre fatores de risco e métodos profiláticos.

"60% das pacientes chegam hoje no nosso consultório com a doença avançada. Esse dado reflete que estamos falhando como médicos, como sistema de saúde. Não estamos rastreando e prevenindo adequadamente", pontuou o oncologista Fernando de Moura, em entrevista à Rede Alesp.
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